Educação
para a Sexualidade
Uma urgente necessidade nacional
Prof. Doutor J. Machado Caetano
A sexualidade é uma parte integrante
da vida de cada indivíduo que contribui para a sua identidade ao longo de
toda a vida e para o seu equilíbrio físico e psicológico. A
sexualidade como refere a OMS é “Uma energia que nos motiva a procurar Amor, contacto, ternura,
intimidade, que se integra no modo como nos sentimos, movemos tocamos e somos
tocados; É ser-se sensual e ao mesmo tempo sexual; ela influencia
pensamentos, sentimentos, ações e interações, e por isso influência também a
nossa Saúde física e mental.” A sexualidade invadiu os media, é campo de
análise científica e deveria ser objectivo da política governamental nas
áreas da saúde, da educação, da juventude e da condição feminina. A
sexualidade adquiriu valor próprio, é uma componente positiva do
desenvolvimento pessoal ao longo de toda a vida e as suas expressões
contribuem para o bem-estar pessoal e relacional e não só para a reprodução.
Os jovens dos dois sexos são vítimas de várias
situações de sofrimento designadas sob o título de Emergência Infantil, onde
se destacam a pobreza, o trabalho infantil, a iliteracia, abuso sexual, e
infeção por agentes das DST, em especial o VIH. Relativamente à SIDA, mais de
50% das infeções ocorre entre os 10 e os 24 anos, referindo a ONUSIDA que 1/3
dos cerca de 35 milhões de infetados são jovens. A SIDA continua a não ter
cura, nem vacina preventiva, razões pelas quais a prevenção útil só é
possível pela Educação. A Educação para a Sexualidade é uma parte da Educação
Cívica, que permite contribuir para uma vivência mais informada, mais
gratificante, logo, mais responsável da sexualidade. No fundo a educação para
a sexualidade é sobretudo a educação da afetividade, e os seus principais
responsáveis deverão ser os Pais e outros familiares e os educadores. Num
país como Portugal, que tem na União Europeia um dos primeiros lugares na
incidência da SIDA, Toxicodependência, Alcoolismo, Gravidez não desejada da
adolescente, Tuberculose, etc., a Educação para a Sexualidade não é só
necessária mas também é indispensável e urgente!
Aos jovens têm que ser dadas todas as condições educacionais
para, em liberdade, escolher os comportamentos mais saudáveis de molde a
evitar as dependências, a gravidez não desejada, as DST em geral e a SIDA em
particular, bem como para se defender de todas as formas de violência sexual
e coerção. A realidade que importa sublinhar é que a informação sexual e
reprodutiva não promove a promiscuidade nem o início precoce da atividade
sexual mas, antes pelo contrário, contribui para elevado nível de
abstinência, um início mais tardio da atividade sexual, maior uso da
contraceção e um menor número de parceiros sexuais. A educação da sexualidade
envolve várias áreas, designadamente o crescimento humano, o desenvolvimento
e comportamentos ao longo da vida, as relações humanas, a autoestima, o
desenvolvimento da personalidade, a dinâmica de grupos e a tomada de
decisões, conduzindo os jovens à discussão dos sentimentos e dos valores, da
ética, das relações interpessoais e das decisões relacionadas com o género. É
imprescindível ter como objetivos o reconhecimento da sexualidade como uma
componente positiva de realização pessoal, valorizando as suas diferentes
expressões ao longo da vida, tendo sempre presente o respeito pela “outra” pessoa,
promovendo-se a igualdade de direitos e oportunidades dos dois sexos, o
respeito à diferença, a importância da comunicação e o reconhecimento do
direito a uma maternidade/paternidade livres e responsáveis. Acima de tudo a
Família, a Escola e a Comunidade não podem perder mais tempo e de modo
multidisciplinar devem proporcionar Educação Cívica, para a Saúde e para a
Sexualidade a todos os jovens. Os Pais e Educadores devem oferecer aos Jovens
Bons
Exemplos e
desenvolver neles a Autoconfiança, Sentimentos
positivos sobre o sexo, Oportunidade
para tomar decisões, Confiança
nos outros e o Sentimento
de que, sendo diferentes, são normais... , tudo isto impregnado de uma informação transparente e
conhecimentos, “temperados” num bom projeto educacional em que o afeto e a
confiança são fundamentais.
É indispensável reconhecer e ultrapassar as
múltiplas dificuldades à vista, sublinhando ainda que não se
conseguirão obter resultados válidos na Educação Cívica e para a Sexualidade,
sem uma melhoria socioeconómica, cultural e educacional de toda a população.
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